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Como não enlouquecemos?

Como não enlouquecemos?

Ágatha Félix Reprodução/TV Globo O imprevisível Vladimir Putin está blefando? O ataque russo em território ucraniano é mesmo iminente? O que será dos ucranianos? Sem dúvida, a tensão é real, as consequências incalculáveis.

O mundo está o sob alerta de um conflito sem precedentes desde a guerra fria.

O Papa Francisco nos lembrou essa semana - ao pedir orações pela paz na Ucrânia - que toda guerra é uma loucura.

Fico aqui pensando nas nossas lutas diárias, e me pergunto: como não enlouquecemos neste Brasil em constantes e diferentes estados de exceção? Trincheiras do desrespeito, da invisibilidade, da injustiça, do preconceito que tira vidas jovens e inocentes.

Penso em como Vitória Sales Félix conseguiu ficar frente a frente com o policial militar acusado de disparar o tiro que tirou a vida da sua filha, aos oito anos.

A audiência foi nesta semana, depois de ter sido desmarcada três vezes.

O PM Rodrigo José de Matos Soares foi denunciado por homicídio doloso e virou réu.

Ele teria confundido.

"Quando eu a levantei, tirei ela assim e coloquei, escutei um barulho muito forte.

Parecia um barulho de uma bomba, muito forte.

Assim que eu ouvi essa bomba, a Ágatha começou a me chamar: 'Mãe, mãe, mãe' (.

.

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) Eu não estava acreditando o que estava acontecendo naquele momento com a minha menina.

Um buraco, um tiro nas costas dela.

Aí, eu falei: 'Meu Deus'", contou no tribunal, aos prantos.

Desde setembro de 2019 não olhava aquela foto de Agatha Félix em sua fantasia de mulher maravilha que se espalhou pelas redes sociais.

Naquele dia noticiei na Globo News que uma menina havia sido morta quando voltava pra casa com a mãe, dentro de uma Kombi, no complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Nesta semana, o morador de uma outra comunidade da cidade, a Vila Aliança, denunciou que sua casa foi invadida mais de dez vezes por policias.

Os PMs - sem mandado judicial – foram filmados revirando casa de uma família de trabalhadores.

Divertiam-se com o privilégio que sentem com a farda, privilégio pra debochar, roubar.

As câmeras de segurança foram instaladas pelos próprios moradores, exaustos de terem seus direitos invadidos.

Teve a coragem de falar por milhões de moradores de regiões periféricas do país que estão sempre sob um clima de guerra em regiões conflagradas pela ausência do poder público.

Em territórios onde não há diplomacia.

Espero que ela seja suficiente na Ucrânia.

"Uma vez que entraram na casa dos moradores sem um mandado de busca e apreensão ou sem uma conduta de flagrante delito, é algo inaceitável nos dias de hoje", disse Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar do RJ.

Quando foi aceitável? Quando poderia ter sido aceitável? Como não enlouquecemos?


Publicada por: RBSYS

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