Três funcionários foram presos em flagrante, enquanto os donos do local não foram encontrados. O valor da mensalidade de uma internação variava entre R$ 800 e R$ 1.800. Mais de 20 jovens são resgatados de clínica de tratamento para dependentes químicos após denúncia de maus tratos e agressões
Reproduçã/TV Globo
Cerca de 20 jovens entre 17 e 24 anos foram resgatados de uma clínica de tratamento para dependentes químicos, na Ilha do Bororé, Zona Sul de São Paulo, após sofrerem maus-tratos, agressões e até mesmo tortura.
Motivados por uma denúncia anônima, promotores da infância e da juventude do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), em conjunto com a Polícia Militar (PM), realizaram uma ação no local, na última terça-feira (25).
No dia, três funcionários foram presos em flagrante, acusados de cometerem as agressões. A unidade também foi fechada.
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Segundo os relatos dos jovens, em uma chácara vizinha chamada de "triagem", eles eram agredidos e presos em uma espécie de cárcere denominada "tranca". No local, também foram encontrados quartos com camas e sem ventilação.
"Foram os piores dias da minha vida, só tortura, chinelada na cara, tapa na cara, soco, espancamento, cárcere privado, comida podre", relata um jovem ao SP2.
O pai de uma das vítimas revela o estado do filho após ser resgatado. "Ficou muito mal, muito mal mesmo, no dia seguinte também foi muito complicado conviver com ele assim. Ele só chorando, me abraçando, me beijando, desesperado", afirma. "É traumático para gente porque, querendo ou não, eu paguei para esse sofrimento".
Mais de 20 jovens são resgatados de clínica de tratamento para dependentes químicos após denúncia de maus tratos e agressões
Reprodução/TV Globo
O valor da mensalidade equivalente a uma internação variava entre R$ 800 e R$ 1.800.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, não havia nenhuma comprovação de encaminhamento médico que justificasse a internação dos jovens e adolescentes. As vítimas também revelaram estar lá sem vontade própria.
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Os proprietários da clínica, Girlandro Soares da Silva, conhecido como "Pastor Gil", e sua esposa Solange Novaes Soares, são investigados pela Polícia Civil, porém ainda não foram localizados.
Para o MP-SP, há a necessidade de uma nova fiscalização já que, apesar da ação, outra unidade da clínica continua aberta.
Publicada por: RBSYS