Busca por alimentos limpos e naturais impulsiona economia e contribui para futuro mais saudável e equilibrado O mercado de produtos orgânicos está em expansão no estado de Santa Catarina, refletindo a crescente preocupação dos produtores rurais com o meio ambiente e com a sustentabilidade, e também a demanda cada vez maior dos consumidores de alimentos limpos e naturais. A tendência vem transformando o agronegócio catarinense, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Os consumidores do estado estão mais exigentes do que nunca. Além da aparência e do preço dos produtos, outros critérios de compra estão sendo levados em consideração. As novas exigências agora incluem alimentos de melhor qualidade, produzidos de forma sustentável e sem o uso de agrotóxicos.
Segundo pesquisa do Instituto Organis - Centro de Estudos sobre Sustentabilidade, a cada mil brasileiros, 360 consomem produtos orgânicos. Desde 2021, também foi registrado um aumento de 16% na demanda por esses alimentos, sendo que 43% dos entrevistados estão dispostos a pagar mais caro por produtos livres de adubos e fertilizantes químicos. São números significativos!
Gerando renda com o limpo e sustentável
Saymon Zeferino, engenheiro agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) conta que o mercado de orgânicos representa uma grande oportunidade para os produtores locais, gerando renda para muitas famílias e contribuindo para a sustentabilidade ambiental.
Um exemplo desse impacto positivo para o agronegócio catarinense é o agricultor pioneiro no ramo Alcino Bundy, que se dedica à produção de agroecológicos há 24 anos e hoje já conta com mais de 50 propriedades no sul do estado com essa modalidade de cultivo.
"Eu quero uma agricultura melhor para meus filhos, mais saudável e que renda dinheiro, mas que seja limpa. Você vende o produto orgânico e quando vê a pessoa comprar, se sente satisfeito. Eu sei o que estou vendendo. Pra mim é bom, pra minha consciência é bom, pra minha família é bom, pro meio ambiente é bom”, completa Alcino.
Produzir orgânicos é trabalhar com grandes desafios. Alcino conta que enfrentou dificuldades como: aumento da mão de obra, mais perda de alimentos devido às perdas na lavoura, o tempo de produção é maior e a quantidade é menor. Porém, com a experiência, a família foi aperfeiçoando o processo e as práticas sustentáveis auxiliaram a equilibrar a produção.
Sustentabilidade na prática
Para ser considerado orgânico, um produto deve ser cultivado sem agrotóxicos ou produtos químicos sintéticos, passando por auditorias anuais para garantir a conformidade com as regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). "Ou contratam uma empresa que faz auditoria, ou se reúnem em grupos que se fiscalizam, sempre seguindo as regras do ministério para evitar contaminações", explica Saymon.
Hoje fala-se muito em sustentabilidade e Saymon conta como é na prática. As ações são reservar áreas, deixar em pousio, plantar por ciclos, trabalhar com adubação verde e rochas para repor a fertilidade natural do solo, por exemplo. Tudo isso para que a propriedade gere renda pelo maior tempo possível.
O pioneiro Alcino tem 12 hectares certificados, mas cultiva apenas um terço desse espaço a cada safra, garantindo a rotação de culturas e a adubação verde para manter a fertilidade do solo. Este manejo cuidadoso permite uma produção sustentável e de alta qualidade.
Expansão e olho no mercado
A principal fonte de renda do agricultor catarinense é o morango. E com quatro (4) hectares de área plantada, Alcino colheu 20 toneladas na última safra. A produção dele atende tanto a merenda escolar dos municípios da região quanto a rede de supermercados. Em Criciúma, alguns mercados registraram aumento de até 50% na procura por produtos orgânicos, que já ocupam 15% do espaço destinado ao hortifruti.
A demanda é tanta que levou a busca de fornecedores fora do estado. "A gente teve que partir para o mercado do sudeste para atender: São Paulo, Rio, Espírito Santo. O setor é o que mais cresce dentro da empresa, por isso estamos sempre atentos e procurando novidades", comenta Cristian Gava, gerente de compras do supermercado.
Mesmo com a alta procura, o Alcino não planeja aumentar a produção, por enquanto. Seu foco atual é garantir um futuro sustentável para seus filhos, seguindo os passos de seu pai e aprimorando as práticas agrícolas. "Eu quero uma agricultura melhor para os meus filhos, mais saudável", conclui Alcino.
E mais uma vez, o agronegócio de Santa Catarina demonstra que é possível aliar produtividade e sustentabilidade, atendendo a uma demanda crescente do consumidor e contribuindo para um futuro mais saudável e equilibrado.
Agro 5.0
Quer entender mais sobre o crescimento do agro catarinense? O projeto Agro 5.0 conta como as famílias do estado estão inovando, produzindo e melhorando a vida no campo.
Além de valorizar o setor e destacar as transformações e oportunidades do segmento, o projeto busca apresentar todas as faces do agronegócio, conhecendo a fundo as transformações causadas. Os conteúdos também querem valorizar iniciativas que mostram o avanço do futuro sustentável, cuidando do meio ambiente e da preservação da biodiversidade.
Confira a reportagem completa do Bom dia SC!
O projeto Agro 5.0 é um oferecimento de Sicoob.
Publicada por: RBSYS