No Dia da Mata Atlântica, conheça formações florestais e outros detalhes do bioma que abriga 15% das espécies de plantas e animais do planeta. “Lutar...pro mundo melhorar. Mudar...atitudes e ações. Sonhar...tentar realizar. Pensar...nas novas gerações é salvar...meu ar, minha água, minha árvore, meu meio ambiente: Mata Atlântica”.
A letra acima faz parte de uma composição de Arlindo Cruz e Estevão Ciavatta, pela preservação do bioma. Nesta segunda-feira (27) é comemorado o Dia da Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais surpreendentes do mundo.
A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais surpreendentes do mundo
Luciano Lima/TG
A Mata Atlântica abrange cerca de 15% do território brasileiro, estando distribuída em 17 estados. O bioma é lar de 72% da população brasileira e contribui significativamente para a economia, concentrando cerca de 80% do PIB nacional.
Infelizmente, grande parte dessa floresta já foi destruída, restando apenas 24% da cobertura original. Dessas áreas remanescentes, somente 12,4% estão bem preservadas.
Pintor-verdadeiro é uma das espécies ameaçadas que vivem na Mata Atlântica
Luciano Lima/TG
De acordo com Diego Igawa, biólogo e coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica, o bioma é fundamental para a manutenção da biodiversidade.
“A Mata Atlântica abriga cerca de 15% das espécies de plantas e animais do planeta, muitas das quais endêmicas. Além disso, desempenha serviços ecossistêmicos vitais, como a regulação do clima, a proteção dos recursos hídricos e a prevenção da erosão do solo”, pontua.
Diego explica ainda que a conservação do bioma contribui para a qualidade de vida das populações humanas, fornecendo serviços ambientais essenciais, como a purificação da água e do ar.
Papagaio-de-cara-roxa é espécie ameaçada que vive na Mata Atlântica do litoral sul de São Paulo e norte do Paraná
Ciro Albano
Para o biólogo, a data em comemoração ao Dia da Mata Atlântica é uma oportunidade de sensibilizar a sociedade sobre a importância do bioma, promover a conscientização sobre sua preservação e celebrar os avanços na conservação da Mata Atlântica.
“A data reforça a necessidade de ações contínuas para proteger e recuperar essa floresta, essencial para a biodiversidade e a qualidade de vida de milhões de brasileiros, inclusive as gerações futuras”, ressalta Diego.
Maior biodiversidade do planeta
Quando comparada à floresta amazônica, a Mata Atlântica se destaca pela sua grande diversidade biológica, mesmo em uma extensão menor.
Mata Atlântica é o bioma mais diverso do Planeta
Fernanda Machado/TG
Situada ao longo da costa atlântica do Brasil, que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, a Mata Atlântica é um conjunto de diferentes tipos de ambientes naturais: manguezais, restingas, campos de altitude e florestas de encostas e baixadas.
Nas regiões Sudeste e Sul, chega a se estender até países vizinhos, como Argentina e Paraguai.
“Os manguezais são ecossistemas localizados em regiões costeiras, com plantas adaptadas a solos salinos e submersos, como os manguezais da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. As restingas são áreas costeiras arenosas com vegetação adaptada à salinidade, encontradas no litoral do Rio de Janeiro. Já os campos de altitude são encontrados em regiões montanhosas, com vegetação herbácea e arbustiva, como nos picos da Serra da Mantiqueira”, exemplifica Diego Igawa.
Mesmo reduzida e fragmentada, a Mata Atlântica abriga uma enorme diversidade de vida, com cerca de 20 mil espécies de plantas, 893 aves, 335 mamíferos, 200 répteis e mais de 450 anfíbios.
Terra da Gente número mil é gravado aos pés do jequitibá-rosa de 600 anos
Arquivo TG
Entre as plantas, destacam-se o pau-brasil (Paubrasilia echinata), primeiro item explorado pelos portugueses quando chegaram no país e o jequitibá-rosa (Cariniana legalis), espécie considerada a maior árvore da Mata Atlântica.
As aves também são infinitas, como a saíra-sete-cores (Tangara seledon), papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), maria-leque-do-sudeste (Onychorhynchus swainsoni), tiê-sangue (Ramphocelus bresilia), barbudo-rajado (Malacoptila striata), tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), araponga (Procnias nudicollis), entre outras.
Saíra-sete-cores pode ser encontrada em todos os estratos da floresta atlântica e nas matas baixas do litoral, onde é muito frequente
Leonardo Casadei
Formações florestais nativas
Além de conter ecossistemas variados, a Mata Atlântica é composta por várias formações florestais e o biólogo Diego Igawa detalha as características de cada uma.
Floresta ombrófila mista (ou Mata de Araucárias): é encontrada em altitudes mais elevadas, em planaltos do Rio Grande Sul, Santa Catarina e Paraná, e de maciços descontínuos nas partes altas de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais. Se destaca pela presença da Araucária angustifolia;
Floresta ombrófila aberta: possui uma menor densidade de árvores em comparação com a densa, permitindo a entrada de mais luz, e é encontrada em regiões de menor pluviosidade, em estados como Minas Gerais, Espírito Santo e Alagoas;
Floresta ombrófila densa: constitui um prolongamento da faixa florestal que acompanha a costa brasileira desde o Ceará até o Rio Grande do Sul, localizada principalmente nas encostas da Serra do Mar, Serra Geral e ilhas situadas no litoral entre o Paraná e o Rio de Janeiro. Caracteriza-se por ser uma formação densa, alta (20 a 30 m), e rica em espécies vegetais;
Floresta estacional semidecidual: apresenta uma quantidade significativa de árvores que perdem suas folhas durante a estação seca, comum no interior do bioma. Compreende parte de Estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Bahia etc;
Floresta estacional decidual: caracteriza-se pela perda total ou quase total das folhas das árvores durante a estação seca, predominando em áreas com estações climáticas bem definidas. É observada desde o norte de Minas Gerais até o Nordeste brasileiro.
A floresta de araucária é um das vegetações que compõe a Mata Atlântica
Luciano Lima/TG
Desafios de preservação
Segundo o coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica, Diego Igawa, os principais desafios para a conservação da Mata Atlântica incluem o desmatamento, a fragmentação florestal, a urbanização descontrolada e a expansão agrícola, além do baixo índice de restauração florestal.
Mata Atlântica tem maioria das espécies com risco de extinção
Renato Lima
“A falta de fiscalização adequada e a necessidade de políticas públicas mais eficazes, além da aplicação efetiva da Lei da Mata Atlântica, são obstáculos significativos que precisam ser superados para garantir a proteção do bioma”.
Dados mais recentes da SOS Mata Atlântica indicam que o bioma abriga cerca de 60% das espécies de animais ameaçadas de extinção no Brasil.
“Isso inclui mamíferos, aves, anfíbios e répteis que dependem desse bioma para sobreviver. A elevada porcentagem reflete a alta biodiversidade da Mata Atlântica e a necessidade urgente de medidas de conservação para proteger essas espécies”, finaliza.
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Publicada por: RBSYS