O cinema funcionava em Miracema na década de 1970, quando ainda era norte de Goiás.
Para rodar os filmes, Severino Lopes contou com a ajuda de um fazendeiro que emprestou um gerador.
Conheça a história do "Cine Operário", o primeiro cinema no então norte de Goiás Um dos primeiros cinemas do Tocantins funcionava com um gerador emprestado por um fazendeiro.
De 1971 a 1980, era assim que a população de Miracema do Tocantins, até então na região norte de Goiás, assistia aos filmes no Cine Operário.
Na época, o cinema era o único entretenimento da cidade.
Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram A sala, geralmente lotada, funcionava no espaço onde hoje é a casa de Severino Lopes, o responsável pelo cinema local.
A casa foi construída com o dinheiro da venda dos ingressos.
Hoje aos 95 anos e sempre bem humorado, ele guarda as memórias de uma vida cheia de histórias e o amor antigo à sétima arte.
Equipamento utilizado para reproduzir os filmes Reprodução/TV Anhanguera A criação do cinema aconteceu na época da construção de uma fábrica de extração de óleo de babaçu na região.
Severino conta a história.
“Não tinha operário suficiente para trabalhar, tendo que trazer tudo de fora.
Um dos chefes disse que ‘eu vou comprar uma máquina de cinema e trago aqui para exibir filme publicamente e aí vamos escolhendo as pessoas que sirvam para o trabalho’.
Aí quando chegou a máquina, disse ‘quem vai operar a máquina?’.
Aí eu passei pra frente e disse ‘sou eu’.
Eu não sabia nem como colocar o filme na máquina, aí chegou com as rodas de filme, e aqui ele rodou mais ou menos um mês, ele já tinha o pessoal que eles queriam.
Aí viu quem ia ficar com a máquina e eu disse que compraria”, relembra.
A estrutura, apesar de improvisada, era muito organizada, com direito a palco e cadeiras para o público.
“Enquanto não chegava a segunda parte do filme, era vendendo ingresso.
Quem comprava primeiro ficava nas cadeiras, quem comprava por último, ficava em pé, porque era só 150 cadeiras.
Lotava quase todo dia, era três vezes por semana”, conta.
Severino Lopes relembra com saudade do Cine Operário Reprodução/TV Anhanguera LEIA TAMBÉM Filme 'A Flor do Buriti' destaca a resistência do povo Krahô nas telas do Festival de Cannes, na França Filme totalmente produzido no Tocantins estreia nos cinemas Pluralidade e movimento são características da cultura de Palmas em 34 anos de história Pouca coisa restou daquele tempo.
Apenas as lembranças, um diploma e um detalhe na parede, onde eram projetadas as cenas dos filmes.
Hoje, Severino tem 12 filhos e trabalha como chaveiro, ainda trabalhando com as máquinas adquiridas nos anos de 1980 e 1990.
Enchente Mas a paixão foi interrompida pela grande enchente em 1980 na cidade.
O local serviu de alojamento para quem tinha perdido tudo.
“Ficou um ano o pessoal se embolando aqui dentro, porque tinha perdido as casas todas, não tinha recurso, não tinha nada! A máquina eu doei para um shopping que estava aí, para deixar de lembrança para um museu”, conta.
No dia do cinema brasileiro, comemorado nesta segunda-feira (19), uma vida cheia de capítulos, que renderia um bom roteiro de filme, com muita arte, nostalgia e muita sabedoria.
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Publicada por: RBSYS
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